Uma carta aberta para as pessoas da Inglaterra: Temos que apoiar nossas crianças musicalmente talentosas.
Alguns de vocês podem saber, outros não. Para os que não sabem, eu sou Danny Jones: cantor, compositor, produtor e membro da banda McFly. Neste verão, eu serei sortudo o suficiente para ser um técnico no The Voice Kids da ITV. Minha recente experiência como técnico me afetou bastante e me fez querer falar sobre a importância do porquê nós DEVEMOS apoiar nossas crianças inglesas que são musicalmente talentosas.
Recentemente eu li um artigo da Dra. Ally Daubney da Universidade de Sussex e ela nos alertou em alto e bom tom que a música pode entrar em extinção nas escolas secundárias públicas por toda a Inglaterra. Isso me fez refletir e foi uma preocupação real para mim. Nós dois sabemos que se a música não for oferecida nas escolas, é bem improvável que seja oferecida em casa. Nós todos precisamos juntar forças agora para apoiar nossas crianças que querem se envolver com música. Se não o fizermos, nós iremos presenciar uma geração de contadores de histórias e formadores de tendências globais ir e vir sem deixarem sua marca cultural na nossa grande nação.
Embora a ameaça da música ser erradicada das nossas escolas estar se tornando real, nós ainda podemos ajudar a jovem geração britânica a deixar sua merecida marca cultural neste planeta, independentemente dessa possível ameaça. Estou convencido de que há três ações a serem tomadas para garantir que estamos fazendo o possível para apoiar o potencial das nossas crianças musicalmente talentosas. A primeira ação é efetivamente falar sobre o nosso apoio. Mostrando às crianças que elas sempre serão apoiadas, não importa o que aconteça, e que acreditamos em seus sonhos tanto quanto eles.
A segunda ação é que devemos reeducar as crianças sobre o que realmente é falhar, e o porquê delas não precisarem temer qualquer falha. A terceira ação é que devemos ajudar as nossas crianças musicalmente talentosas a entenderem o quanto o que eles aprendem nas escolas irá se aplicar às suas carreiras artísticas musicais no futuro. Se pudermos nos comprometer em tomar essas três ações, tenho certeza que poderemos salvar as próximas gerações de Beatles, David Bowies e Rolling Stones.
Voltando ao meu primeiro plano de ação, ao crescer em Bolton, onde o meu professor de música me deu um E porque aos seus olhos eu era “completamente desinteressado” em música (obviamente ele não notou que eu toco violão desde meus seis anos!), não havia maior fã do que minha mãe. Eu lembro que ela fazia duas horas de viagem de ida e volta – chuva, neblina ou sol – para me levar para minha aula de violão uma vez por semana. Mesmo assim, eu nunca vou me esquecer quando minha mãe retirou dinheiro de sua poupança para comprar para mim e minha irmã microfones e PA* para que pudéssemos tocar em clubes de trabalhadores em Manchester. O apoio da minha mãe nos meus sonhos artísticos foi incondicional. Mas nem todos têm essa sorte de possuírem essa positividade em casa.
No entanto, esse apoio não precisa vir dos pais das nossas crianças musicalmente talentosos, o apoio pode vir dos mentores, dos amigos da família, ou até melhor, de seus professores; contanto que este suporte esteja lá. Tudo o que nossas crianças musicalmente talentosas precisam é de uma pessoa que se preocupe e que não irá projetar nelas o seu próprio anseio pessoal de falhar. VOCÊ pode ser essa pessoa. Acredite em mim, isso está vindo de um cara que o seu próprio tutor de música disse que era altamente improvável que ele teria um contrato com uma gravadora… Três meses antes dele conseguir um contrato com uma gravadora. Meu sistema de apoio me ajudou a superar.
O que me leva para meu segundo plano de ação: nós devemos ajudar nossas crianças musicalmente talentosas em se livrarem desse falso sentimento de incapacidade que creio que todos nós compartilhamos. Em outro dia eu li uma frase que dizia, “Um homem pode cair muitas vezes, mas ele não é um fracassado até começar a culpar os outros.” Ou como meu avô me dizia, citando Peter Ustinov, “Não é errado falhar”. A grande maioria de nós acredita que quando estabelecemos um objetivo e não alcançamos, isso significa que somos, de alguma forma, fracassados. Contudo, com esse estado de espírito, nós focamos no objetivo que não alcançamos ao invés da lição aprendida no processo, ou olhando para trás, não atingindo o objetivo. Nós não iremos vencer todas as batalhas, não é assim que a vida funciona.
No entanto, o que precisamos fazer constantemente é lembrar nossas crianças que o insucesso faz parte da jornada e como você aprende com ela, essa é a diferença. O único modo que nossas crianças musicalmente talentosas irão atrás da sua paixão pela música com todo o seu coração é se andarem com uma aura sem medo, e essa aura só irá existir se nossas crianças souberem e reconhecerem que eles nunca serão uns fracassados, não importa o que aconteça (a menos que eles culpem os outros por seus próprios erros). Enquanto todos esses indivíduos com ambições musicais estiverem aprendendo, eles nunca serão fracassados.
O que me leva ao meu terceiro e último plano de ação: nós devemos ajudar nossas crianças musicalmente talentosas a perceberem que o que elas estão aprendendo nas escolas possui uma correlação direta com o que eles irão fazer como músicos profissionais. Uma coisa que eu olharia para trás e me diria quando criança é o quanto a escola não apenas é importante, mas se conecta com o que eu faço todos os dias da minha vida enquanto músico.
Quando eu estava na escola, em Bolton, eu sentaria na sala de aula pensando o dia inteiro: um, como isso se aplica a mim; e dois, quando eu vou precisar disso na vida real. Se ao menos eu soubesse o quão importante a física se tornaria quando posteriormente eu precisasse saber sobre as ondas sonoras e os fundamentos dos espaços da sala ou o quão significante a matemática se tornaria quando eu começasse a aprender sobre calcular a dinâmica de um espaço para alcançar o melhor ajuste de som de estúdio possível. Saber que poesia se tornaria minha subsistência, que sem ela eu nunca poderia ter escrito uma música sequer. Entender que ler livros iria expandir meu vocabulário e me preparar para escrever melhor ainda e me tornar um contador da minha própria história. Se eu soubesse naquela época, o quanto a escola se aplicaria no meu ofício hoje, eu teria dado toda a minha atenção, em cada… um… dos assuntos. Realmente depende de nós certificarmos que as crianças entendam o quanto é vital as suas educações para permitir a melhor chance possível de terem sucesso nas indústrias criativas.
É por isso que eu gostaria de ter o tempo agora para anunciar oficialmente que eu me associei aos Speakers for Schools**, e começarei a falar para os estudantes em nossas escolas secundárias públicas, não apenas para encorajar nossas crianças a perseguirem seus sonhos, mas para contar a elas sobre a minha jornada para chegar onde estou e todas as lições que aprendi no caminho; porque eu estou certo de que verei um pouco de mim mesmo em cada uma delas e eu espero que cada uma veja um pouco delas em mim. Espero compartilhar minhas histórias com os diretores, professores e pais também.
Meu interesse nessa causa não tem origem apenas em eu ter sido aquele jovem rapaz em Bolton, rezando para me sair bem; mas deve-se também ao fato que sou um verdadeiro crente do que o falecido executivo de entretenimento, Vernon Slaughter, uma vez disse sobre a indústria musical: “Não há perdedores neste jogo, apenas aqueles que desistiram antes de suas chances chegarem.” Nós temos que ser o suporte das nossas crianças, apagar seus falsos sentimentos de incapacidade e permitir que eles percebam o quão importante seus estudos acadêmicos são para suas paixões musicais, para que eles não contemplem nem por um segundo, a opção de desistir antes de chegar a vez deles.
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