Sete anos após o último single do grupo, o qual eles gravaram um disco inteiro para formar um “supergrupo” com os colegas estrelas pop Busted.
As tensões entre a banda frustraram uma tentativa de reunir o McFly em 2017.
“Havia uma grande possibilidade do McFly nunca mais acontecer”, disse o cantor Tom Fletcher à BBC. “Nós realmente não sabíamos como voltar aos trilhos.”
Em certo momento, os quatro integrantes consideraram a terapia de grupo para resolver seus problemas.
“Embora nunca pensássemos que aconteceria, as coisas ficaram um pouco estranhas entre nós”, admite o baterista Harry Judd.
“Tentamos conversar algumas vezes ao longo desses anos e foi muito improdutivo. Então, sim, houve momentos em que falamos: ‘Nós precisamos entrar em uma sala com um terapeuta e documentar isso?’“
Ironicamente, a tensão surgiu quando cada um dos membros lançou-se em segundas carreiras bem-sucedidas durante o hiato do McFly.
Tom e o baixista Dougie Poynter escreveram uma série bem-sucedida de livros infantis sobre cocô de dinossauros, enquanto Harry venceu a 10ª temporada de Strictly Come Dancing.
O guitarrista Danny Jones passou a escrever e produzir discos para artistas como Rihanna e One Direction, enquanto Dougie tocava com as bandas de rock A e INK.
“Percebemos que estávamos sendo estúpidos”
“Muitas dessas coisas se tornaram problemas não ditos”, diz Tom.
“Esses são seus melhores amigos, com quem você quer estar no palco – e vê-los fazer coisas sem você é realmente difícil de lidar.”
O catalisador do retorno da banda acabou sendo o gerente deles nos últimos 18 anos, Matt Fletcher.
“Ele reservou o O2 sem nos contar e disse: ‘Vocês vão tocar ou não?’“, lembra Tom, “e todos nós, obviamente, dissemos que sim.
“Eu acho que ter uma data no diário que dizia ‘McFly no O2’ apenas nos fez perceber que éramos estúpidos”.
Não é de se estranhar que a banda tenha esgotado os ingressos em minutos – nem que a banda foi recebida por gritos de dar dor no ouvido enquanto subiam ao palco para tocar sucessos como All About You, Star Girl e 5 Colors In Her Hair em novembro do ano passado.
“Esse foi o começo do próximo capítulo”, diz Tom.
Entusiasmada e reenergizada, a banda lançou as demos para o seu sexto álbum “perdido”, limpando os decks de material novo, antes de reservar um estúdio de gravação por dois meses no início de 2020.
A idéia era reunir-se e compor algo juntos, em vez de esperar que alguém aparecesse com a música de retorno perfeita, totalmente escrita e pronta para lançar.
“Esse quase era o problema anterior: esperando que uma música fosse a resposta”, diz Tom.
“Isso realmente pressiona você, como compositor, criar um sucesso que todos os seus fãs irão amar, mas também que o reunirá como uma banda e consertará suas relações. Precisávamos tirar tudo isso do caminho primeiro e voltar completamente renovados.”
Então eles estabeleceram uma rotina: Tom se levantava e levava seus dois filhos pequenos para a escola, depois inventava uma melodia ou um riff no caminho para o estúdio.
Quando ele chegava, tocava para o resto da banda no piano, e eles começavam a trabalhar imediatamente. Harry tocava primeiro, gravando uma faixa de bateria sobre a qual os outros colocariam guitarras e vocais, e eles continuariam até o pôr do sol.
“Esse processo, de permitir que seu cérebro ganhe vida e criar uma música do nada – isso é incrível”, diz Danny.
“É a primeira vez que sinto que todos participamos. Estávamos todos envolvidos, divididos ao meio, e foi um processo energético e colaborativo”.
As quatro novas faixas que o McFLY tocou para a BBC instantaneamente trouxeram à mente a positividade do pop britânico meloso – na linha de ‘Wake Up Boo’ do The Boo Radleys ou ‘Staying Out For The Summer’ do Dodgy.
Quando fazemos essas referências, a banda não consegue conter os sorrisos.
“Era exatamente essa sensação que queríamos criar,” confirma Harry.
“Eu estou bem empolgado por você dizer isso,” adiciona Dougie. “Tem algo especial sobre o pop britânico daquela época.
“Eram músicas incríveis, mas você tinha bandas como Blur que podiam mudar estilos – desde ‘Song 2’ sendo rock e super maluca, para algo estranho como ‘Parklife’.
“Não havia limites e era isso que queríamos – seguir em diferentes direções dependendo do que estávamos sentindo em cada dia.”
O single de estreia da banda foi nº 1 e eles venderam 10 milhões de cópias pelo mundo
O primeiro contato com o novo material do McFLY chega ainda este mês. O título do single de retorno deles ainda é segredo, mas tem uma batida altamente intoxicante que todo mundo gosta, que a banda descreve como tendo uma “vibe de festival”.
“Tem aquela sensação de ‘mãos para o ar’,” diz Danny, “como quando você está bêbado ou participando de um churrasco.
“Você pode colocar para tocar e ter suas crianças dançando, seu avô, todo mundo. Até os meninos podem se envolver, a torcida do futebol. Eu realmente poderia ouvi-la na trilha sonora do Fifa.”
O riff carnavalesco foi inspirado na grande popularidade da banda na América do Sul e tem até um pouco de samba para complementar.
“Nós tivemos que contatar a família do artista,” diz Danny. “Eles não têm nem uma página no Spotify ou algo do tipo, então eles ficaram bem satisfeito por usarmos isso. Eles ficaram tipo, ‘Nossa música não é tocada há anos! Nós nem acreditamos!'”
‘Qualquer coisa menos monótono’
Outro destaque do álbum é a balada centrada na letra, “you’re my special” (“você é minha especial”, em tradução livre), que poderia competir com ‘All About You’ como uma futura música de casamento, enquanto Tom promete que as outras faixas serão “bem pesadas ou um pouco emo, com baladas bregas e algumas bem estranhas e excêntricas também”.
Fundamentalmente, o álbum estava quase finalizado antes da banda assinar o contrato de gravação com a BMG – a companhia alemã detentora de direitos que ficou conhecida por trabalhar com consagrados artistas globais como Kylie Minogue, Keith Richards e The Cranberries.
“Nós tivemos uma conexão instantânea com Jamie Nelson, que queria assinar conosco,” diz Harry. “Ele veio, ouviu algumas músicas e colocou as cartas na mesa e disse, ‘eu amo o que estou ouvindo, eu sempre observei vocês como banda, e eu sempre gostei do que vocês fizeram’.
“Ele basicamente brincou com nossos egos e disse todas as coisas certas.”
Nelson, da parte dele, diz que está “encantado” em ter fisgado a banda da Universal, o selo inicial. “Se formos avaliar pelas nossas primeiras interações, será qualquer coisa menos monótono,” ele diz.
Como tudo mais, a volta da banda foi impactada pela pandemia do coronavírus. Turnês no Reino Unido e no Brasil foram adiadas, e a banda está isolada em casa com suas famílias… bem, em grande parte.
“Às vezes que eu tenho visitado o banheiro aumentaram em 40% durante o lockdown,” Harry ri.
“Sim, o tempo de uso do celular fica em torno de 12 horas por dia,” Tom brinca, “e oito delas são dentro do banheiro.”
Mas até no Zoom, McFly mostra um genuíno senso de camaradagem e animação pelo novo material. Eles caminharam bem desde que o empresário deles veio com um show surpresa no último verão.
“Pensando bem, o que nós realmente precisávamos era de uma pausa para percebermos do quanto precisávamos do McFly,” diz Tom.
“Nós passamos toda a nossa vida adulta sendo chamados de Tom McFly ou Danny do McFly – e uma parte sua desesperadamente quer justificar que isso não justifica quem você é.
“Mas a verdade é que o McFly define totalmente quem nós somos. Está em nosso DNA.”